Tombou da haste a flor da minha infância alada,
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim:
Voou aos altos céus santa Águia, linda fada,
Que d´antes estendia as asas sobre mim.
Julguei que fosse eterna a luz d´essa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa visão de luar que vivia encantada
Num castelo de prata embutido a marfim!
Mas, hoje, as águias de oiro, águias da minha infância,
Que me enchiam de lua o coração, outrora.
Partiram e no céu evolam-se a distância!
Debalde chamo e choro, erguendo aos céus meus ais:
Voltam na asa do vento os ais que alma chora;
Elas, porém, Senhor! Elas não voltam mais...
António Nobre, In "Só".
Transcrito: @Mena.
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