REFLEXÃO

REFLEXÃO
SAUDADE NÃO É CORPO, SAUDADE É ALMA.- MENA SOUSA

domingo, 26 de junho de 2011

MENINO E MOÇO

Tombou da haste a flor da minha infância alada,
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim:
Voou aos altos céus santa Águia, linda fada,
Que d´antes estendia as asas sobre mim.

Julguei que fosse eterna a luz d´essa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa visão de luar que vivia encantada
Num castelo de prata embutido a marfim!

Mas, hoje, as águias de oiro, águias da minha infância,
Que me enchiam de lua o coração, outrora.
Partiram e no céu evolam-se a distância!

Debalde chamo e choro, erguendo aos céus meus ais:
Voltam na asa do vento os ais que alma chora;
Elas, porém, Senhor! Elas não voltam mais...

António Nobre, In "Só".

Transcrito: @Mena.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

EU AMO GATOS!!!

Pinturas de vários pintores clássicos e contemporâneos.
Poema o Gato de Charles Baudelaire.

     GATO
Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço;
Guarda essas garras devagar,
E nos teus belos olhos de ágata e aço
Deixa-me aos poucos mergulhar.

Quando meus dedos cobrem de carícias
Tua cabeça e o dócil torso,
E minha mão se embriaga nas delícias
De afagar-te o elétrico dorso.

Em sonhos vejo. Seu olhar, profundo
Como teu, amável felino,
Qual dardo dilacera e fere fundo

E, dos pés a cabeça, fino
Ar sutil, um perfume que envenena
Envolvem-lhe a carne morena.

O gato não nos acaricia, o que faz é acariciar-se em nós... Por isso eu amo os gatos!!!
Transcrito: @Mena.

domingo, 19 de junho de 2011

PRESENÇA...

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exacto e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutílmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem, nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como alma em a janela
e respirar-te, azul e luminosa no ar.
É preciso a saudade para sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

De Mario Quintana.

Transcrito:@Mena.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

AMOR INTEMPORAL - SIMÃO E TERESA.



"AMOR DE PERDIÇÃO."

Amor de Perdição - é a obra prima de Camilo Castelo Branco, representante do roman-
tismo português.
Este livro é o carro chefe da literatura camiliana. Fala do amor de Simão Botelho e de
Teresa Alburquerque, com um final trágico e emocionante...
Inicialmente há um triângulo amoroso, formado por Teresa, Simão e Baltasar. Depois a
formação de outro triângulo amoroso: Teresa, Simão e a presença da dedicada Mariana
como elemento de ligação entre o amor de Simão e Teresa.
Mesmo amando Simão, Mariana não rivaliza com Teresa, muitas vezes até auxiliando o
casal apaixonado, intermediando a correspondência entre eles. Todos os três, terão o mesmo
final trágico: a morte. No entanto, há problemas para a concretização do amor de Simão e
Teresa: a rivalidade entre as famílias e o comprometimento de Teresa em casar-se com
seu primo Baltasar...
No segundo capítulo, página 35, há um bilhete escrito por Teresa a Simão:
"Não me esqueças tu e achar-me-às no convento ou no céu, sempre tua de coração e
sempre leal."
O pensamento romântico em Amor de Perdição, trabalha a união de dois seres pela morte,
a verdadeira união indestrutível, infinita, elevação à unidade suprema que só será con-
cretizada através de muitos sofrimentos e provações encontrando no amor romântico, a
morte como a mais pura forma de realização.

Amor de Perdição - É perder-se de si mesmo!!!

@Menapereirasousa.


quinta-feira, 9 de junho de 2011

O VENTO SOPRA LÁ FORA....

O vento sopra lá fora,
Faz-me mais sozinho, e agora
Porque não choro ele chora.
É um som abstracto e fundo.
Vem do fim vago do mundo.
Seu sentido é ser profundo.

Diz-me que nada há em tudo.
Que a virtude não é escudo
E que o melhor é ser mudo.

Fernando Pessoa.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O AMOR...

O amor é uma gota de orvalho pousando em uma pétola de rosa,
Uma gota intermitente afogando-se no mar do esquecimento,
um suspiro esperando ser correspondido,
uma lágrima acariciando o rosto de quem ama,
é um grito esperando ser escutado,
um coração esperando ser aquecido,
um raio de luz na imensidão da noite
porém, sobre todas as coisas e o poder gritar
que... Amo-te.

De Juan Andrés Leiwir - (Tradução: Maria Teresa Almeida Pina)

Transcrito:@Mena.

sábado, 4 de junho de 2011

"DE LONGE..."

PINTURA: De August Riedel - pintor alemão. (1799 - 1883).

De longe te hei-de amar
-da tranquíla distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.

Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.

Quem precisa explicar
o momento e a fragância
da Rosa que persuade
sem nenhuma arrogância?

E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.

De Cecília Meireles.

@Mena.

quarta-feira, 1 de junho de 2011